terça-feira, 15 de agosto de 2017

Praia de São Lourenço

Uma neblina alta e cinzenta tomou conta do azul do céu, o seu reflexo sentiu-se no mar.
As falésias estavam escuras, oxidadas, velhas e cansadas, sombrias sem sol.
A maré recolheu-se, deixou uma linha de algas para trás, acalmou a tal ponto que as ondas molhavam apenas dos dedos ao calcanhar, a água estava fria e o vento deixava-a vazia de gente.
As barreiras e chapéus multiplicavam-se aos poucos, mas eram apenas desejos de que o Sol voltasse a brilhar.
Andei pelas falésias, pelas rochas, pelas algas, pela água, mas a melancolia de fim de férias levou-me ao abrigo a desenhar...

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Atmosferas

Atmosferas

Devido a uma conjunção de astros fiquei outra vez por Santa Cruz, foi daqueles dias sem vento e com um mar paradisíaco de olhar (sim, porque a água estava mesmo gelada).
Enquanto aquecia os ossos, depois de algumas ondas de gelo liquido, voltei ao que me tem desafiado mais, pintar manchas, o dia estava bastante quente e a praia merecia uma atmosfera emotiva.

Há algum tempo li um artigo sobre Leonardo da Vinci, Fernando Pessoa, entre outros, sobre o sentir, a energia sentimental e a sua conversão racional, os percursos pessoais e a suas influências emocionais na criação artística.
Não é novidade, é algo muito interligado que me influenciou a deixar de desenhar, mas pareceu-me muito interessante no aspecto de alguns mestres redireccionarem certas energias emocionais. Há algum tempo que o tento fazer de forma a alterar a minha forte influência racional e não posso dizer que desenhe melhor, mas de certo, leva-me a procurar fracções da realidade de forma diferente, de modo a me satisfaça tanto no processo criativo como na minha interpretação pessoal do local naquele momento.

Gosto de ir alterando técnicas e grafismos, até me surpreendo como ainda não pequei de novo em linhas, mas às vezes basta um simples contraste, aqui fica mais um vista de Santa Cruz enquanto quase toda a gente almoça.

sábado, 12 de agosto de 2017

Sem Caneta

O desenho leva-me a pensar de forma mais concisa e esta abre portas para um desenho melhor.

Santa Helena terá aparecido em Santa Cruz, daí ser a sua padroeira, segundo os monges tinha uma expressão triste e amuada, dando assim origem ao nome da Praia da Amoeira, um dos meus spots favoritos.

A Praia da Amoeira tem melhor acesso com a maré vazia, desta vez tinha uma plateia de areia com três metros de altura e o panorama rochoso estava mesmo apetecível, havia algumas pessoas na água mas mergulharam todas quando viram que as podia retratar ;)
 Depois de andar com a minha irmã a verificar que alguns parques de estacionamento estavam cheios, deixamos o carro numa falésia e fizemos uma caminhada sobre os penhascos até à Praia dos Quarenta, queria experimentar uma caneta nova mas não sei o que me aconteceu, só me apetece fazer manchas...
O desenho às vezes parece a maré, esvazia o pensamento assim como o enche, tem momentos de inspiração, de erros, de reflexão, revela medos e surpresas, nem sempre se descobre algo novo, na folha vazia lança-se o anzol... o resto fica na minha história.

Praia do Navio

O Oeste é banhado por muitas praias, na zona de Santa Cruz existem cerca de vinte, com ou sem rochas, pelos acessos mais variados, desertas ou cheias de gente, com mar para todos os gostos menos água quente.

Neste desenho, no aglomerado de chapéus, fica a Praia do Navio, onde um navio descansa enterrado na zona da rebentação, com a maré muito vazia às vezes é possível ver dois vestígios do navio, talvez do casco ou dos mastros.

Nos Verões da minha juventude era fácil ver dois vestígios do navio, um metro de lamina esburacada e enferrujada, e mais adiante, na maré vazia, aparecia também algo semelhante a uma pedra quadrada mas de madeira ou metal, com o passar do tempo ficou mais enterrado e torna-se mais difícil detectar.

Foi o navio norueguês Hay que encalhou aqui a 5 de Fevereiro de 1929, nenhum marinheiro se magoou e a carga, na maior parte, cigarros ingleses e chocolate, foi vendida localmente.
No restaurante da praia pode ser vista uma fotografia do acontecimento, teria sido um óptimo pretexto para desenho.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Nocturno em Santa Cruz

Sexta-feira organizamos um mimo, algo diferente para juntar aguarelistas e sketchers a desenhar durante a noite.
O tempo mudou e a noite não teve céu estrelado, o manto de luz da Lua Cheia não se notou e o mar de azul negro profundo e reflexos saltitantes ficou oculto no chuvisco da neblina...
Depois de alguns reencontros e troca de histórias emocionantes dispersamos pela rua comercial principal, os veraneantes adoraram e alguns ficavam colados a ver coisas a nascer no papel, as crianças queriam ficar a pintar.
Usei uma folha grande com ecoline, num papel mansinho para mestres e rebelde para amadores.
 Depois de estar com alguns miúdos que adoraram as manchas experimentais, provavelmente porque ainda não tinha ligado a lanterna, mudei de sitio e fui sentar-me no chão ao pé de outros sketchers.
Liguei uma engenhoca, emprestei outra lanterna a uma miúda muito entusiasmada a pintar, preparei a aguarela e registei um pouco da multidão entre os artistas.
À direita, Filipe Reis no muro, no banco, Pedro Alves e António Procópio debruçado, entusiasmadíssimo a pintar, no centro, António Bártolo (Presidente da AAPOR – Associação de Aguarela de Portugal) no cavalete, à esquerda, Marie-Paule Dupuis (Aguarelista e Arquitecta) na sua prancheta apoiada.


Ainda fizemos a habitual partilha com os que aguentaram o chuvisco e enquanto as aguarelas ainda secavam.
Agradecimentos a todos os que aceitaram o desafio e resistiram às condições atmosféricas, à AAPOR, ao António Bártolo, que além de excelente artista tem promovido a pintura de aguarela na rua e a troca de experiências entre grupos e pessoas.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Dias de Verão

Santa Cruz em dia cinza
 Passar pelas brasas...
 Tarde sem vento