11º Encontro
A realidade proporciona uma certa ironia casuística, como se
existisse apenas porque alguém a sonhou anos antes, mesmo que todos os
elementos nela presentes estejam baralhados.
Confesso que nunca assisti a uma partida tão cheia de imprevistos,
mas assim que o comboio se alinhou correu tudo bem.
Quando chegamos à serra, o vento empurrava-nos para os cantos
abrigados do convento, alguns escolheram a sombra, outros o sol.
Entre ruínas e paisagem, eu escolhi o alinhamento de antenas no
topo do relevo. ...e ao mesmo tempo, o canto abrigado e cheio de sol com a
companhia da Rita.
Vou ter de um dia voltar ao convento para o desenhar, em redor
existem algumas paisagens fabulosas, fascinam-me aqueles pinheiros talhados
pelo vento, ao longo da encosta.
A manhã passou a correr,
tiramos a foto de grupo e avançamos para o parque de merendas, uma bela
surpresa para quem não conhecia.
Tínhamos a árdua tarefa
de fazer um piquenique, passar pelas brasas e conviver...
Era o lugar ideal para
rabiscar pessoas, ainda tentei fazer um apanhado geral do espírito do grupo no
piquenique mas distrai-me tanto com a conversa agradável, no fim, muitos já nem
la estavam e eu ainda ia pintando algumas cores.
Como estava insatisfeito
com o desenho anterior, onde não consegui apanhar todos os sketchers e a Rita
no canto do bloco parecia um gremlin transformado, resolvi apanhar com linha
toda aquela desarrumação de lápis e pincéis à volta dela, estava mesmo a
divertir-se, descalça, de posição irrequieta, sentada ou deitada, a desenhar
como se tivesse voltado aos tempos de criança, entre o sonho e a realidade.
Achei interessante, a Rita como "diamante em bruto"
(segundo ela) vai pintando com manchas, descomplexada, evitando limites ou
regras rígidas, deixa o desenho fluir a partir de uma realidade desfocada, vai
definindo e deformando aos poucos, ao sabor do prazer que a atravessa pelo
simples acto de desenhar.
Para ela, a linha é demasiado definitiva,
segue um processo oposto à minha forma de pensar, onde é difícil desconectar do
que academicamente me formatou, voltei ao papel procurando esse
"desligar", mesmo mantendo a linha, são estes desenhos rápidos com
pouco tempo para pensar que acabam quase sempre por me dar mais prazer. Obrigado Rita.
Foi um belo encontro, tenho a agradecer a todos, em especial, a
todos os que fizeram a viagem de longe e ao André Baptista que continua a ser
um elemento essencial no espírito do grupo.
Ps: Às vezes sabe melhor desenhar e desfrutar do que tirar fotografias, desta vez o registo foi mais fraquinho ;)
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